Plano de saúde coletivo exige atenção

Cresce o mercado de planos de saúde contratados via sindicatos e associações de classe. Há vantagens e desvantagens

O crescimento econômico transformou o Nordeste no novo campo de batalha das operadoras de planos de saúde.

Uma prova disso é a entrada da multinacional Aon Affinity Administradora de Benefícios no mercado de saúde suplementar através de quatro capitais nordestinas: Fortaleza, Natal, Recife e Salvador. O vasto número de clientes a ser conquistado é o grande indutor. Segundo dados da Agência Nacional de Saúde (ANS), apenas 15% da população nordestina têm plano de saúde, enquanto a média nacional é de 27%.

Como estratégia para crescer, as companhias focam suas vendas numa modalidade relativamente nova: os planos coletivos por adesão, que têm como diferencial o preço mais baixo. As entidades de defesa do consumidor, no entanto, são céticas em relação aos benefícios do produto. Por se tratar de plano coletivo, os reajustes não são regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e isso deixaria o cliente à mercê de aumentos escorchantes.

Uma vez que os planos coletivos não precisam submeter seus reajustes anuais ao órgão e podem ser rescindidos unilateralmente pelas operadoras quando estas bem entenderem, haveria uma ilusão de se pagar mais barato, defende em artigo a advogada do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Joana Cruz.

A ideia, obviamente, é refutada pelas empresas. Nosso reajuste médio em 5 anos ficou em torno de 7% ao ano, o que é um índice muito menor em relação à média de planos empresariais de 11%, 12%, defende Heráclito Brito Gomes, presidente da Qualicorp, maior empresa do mercado quando o assunto é plano coletivo por adesão, com 1,5 milhão de clientes ou 20% do mercado.

No ano passado a ANS autorizou um reajuste máximo de 7,69% para os planos individuais, aqueles contratados diretamente pelo cliente. Gomes fala com a autoridade de comandar uma empresa que cresce a uma velocidade média de 40% ao ano, enquanto o setor mantém um ritmo anual de 5%.

Por serem muito regulados, os planos de saúde individuais não interessam às companhias. Já os planos empresariais, contratados pelas pessoas por intermédio das empresas empregadoras, não têm o mesmo potencial de crescimento.

As empresas preferem os planos coletivos por adesão, também conhecidos como planos de afinidade. A modalidade é comercializada a profissionais através de sindicatos e entidades representativas de classe. Ao contactar associações de profissionais, as administradoras de benefícios, como a Aon e a Qualicorp, fecham grandes grupos de clientes e, no volume, conseguem negociar preços mais em conta com as operadoras de plano de saúde. Consigo oferecer o mesmo produto das operadoras, com mesma cobertura a uma pessoa de mesma idade por um valor 40% mais baixo, informa o executivo.

A Qualicorp vende planos de empresas como Sul América, Bradesco, BB Saúde, Amil, Medial e mais recentemente da Unimed Recife, num total de 80 operadoras e seguradoras e mais de 420 entidades de classe espalhadas pelo Brasil, entre associações e sindicatos de médicos, advogados, juízes, engenheiros e até mesmo os servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Quem quer brigar com a gigante brasileira é a Aon Affinity. Apesar de ser de uma empresa norte-americana do ramo de gestão de benefícios – com 20 anos de Brasil –, a Aon entrou há 3 meses no mercado de planos de afinidade. No Nordeste, a companhia fechou parceria com a operadora cearense Hapvida.

Começamos pelos clientes da classe C e D, este plano é mais barato, comenta o diretor nacional de Saúde da Aon Affinity, Pedro Rezende